sábado, 5 de junho de 2010

Manual de Introdução à Arqueologia - Augusto Mentz Ribeiro

Esta é a resenha do tal do Manual de Introdução à Arqueologia do Pedro Mentz Ribeiro. Aí está a quem interessar...

 RESENHA: Manual de Introdução à Arqueologia
Pedro Augusto Mentz Ribeiro
 Por: Tamara Oswald
         O Manual de introdução à Arqueologia, publicado no ano de 1977, trata-se de uma combinação de técnicas e metodologia arqueológica, que utiliza uma linguagem academicamente acessível, recorrendo inclusive à ilustrações. O presente trabalho tem como objetivo principal fazer uma análise crítica desta obra de Pedro Augusto Mentz Ribeiro. Para tal, resgatei alguns dados importantes sobre o autor:
         Pedro Augusto Mentz Ribeiro foi Graduado em Ciências Sociais pela Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras (São Leopoldo), especialista em Antropologia das Sociedades Complexas pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Mestre e Doutor pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, Pós-Doutor em Arqueologia (Portugal), Docente da Universidade de Santa Cruz do Sul, Docente da Fundação Universidade Federal do Rio Grande, Ex-Presidente da Sociedade de Arqueologia Brasileira e autor de uma série de livros e artigos científicos voltados, mormente aos estudos arqueológicos, aposentou-se em 2003, vindo a falecer em 2006. Como pude constatar em seu currículo, Pedro foi um experiente profissional, racionalista e objetivista em seus trabalhos.
         Investigada a biografia do autor, passarei a seguir a analisar alguns pontos interessantes do Manual de Introdução à Arqueologia.
         No primeiro tópico o autor faz uma breve descrição sobre a legislação Brasileira para a Arqueologia, utilizando alguns artigos importantes que dispõe sobre a definição e proteção do patrimônio arqueológico, as proibições relacionadas à destruição de sítios, e à mutilação e comércio de peças, a obrigatoriedade da solicitação de autorização federal para a realização de escavação e pesquisas, bem como a licença concedida pelo IPHAN em caso de transferência de objetos patrimoniais para o exterior. Uma análise da Legislação Brasileira sobre a Arqueologia será fundamental para a compreensão do funcionamento da pesquisa arqueológica no Brasil e para dar suporte ao próximo tópico que trata da definição e situação da Arqueologia.
         Se tratando da definição e situação, no tópico seguinte, o autor considera que uma pessoa que for trabalhar com arqueologia, necessitará tanto do conhecimento técnico quanto do conhecimento cultural e organizacional das sociedades, pois a Arqueologia seria uma ciência que:
“(...) busca a reconstituição das tradições culturais extintas e tenta descobrir sua evolução ou decadência, expansão no tempo e no espaço e adaptações ao meio ambiente.” (p.14)

        Ele também faz uma breve exposição das pretensões do trabalho do arqueólogo e discute sobre a diferença existente entre o cientista (que buscaria o homem por detrás da peça) e o colecionador (atraído pela matéria).
         Com relação à situação da Arqueologia o autor menciona a Antropologia Cultural, que por sua vez se divide em Arqueologia, Lingüística e Etnologia, e a Antropologia Física, que seria o estudo do corpo humano. Após uma breve descrição sobre Antropologia e as escolas antropológicas, o autor cita a Paleontologia e a Geologia como ciências que com freqüência são confundidas com a Arqueologia. O fim da Paleontologia seria o início da Arqueologia.
         A partir do terceiro tópico, o autor começa a abordar as técnicas Arqueológicas. Sobre a pesquisa arqueológica, fala que se divide em duas partes: o trabalho de campo e o de laboratório. Antes da realização do trabalho de campo é necessário um levantamento histórico-bibliográfico do local da pesquisa.
         Pedro Augusto divide o trabalho de campo em três tipos: coleta superficial sistemática, prospecção e escavação, fazendo em seguida um detalhamento sobre o material a ser utilizado. Esse detalhamento demonstra toda a característica de “manual” que possui a obra, pois o autor define todos os materiais, explicando a importância, função e utilidade de cada um. Figuras explicativas, modelo de etiqueta a ser utilizado para acompanhar o material coletado, ficha de catálogo, e um modelo de ficha de Registro de Pesquisas Arqueológicas (explicando cada item a ser preenchido) fazem parte das ilustrações do manual.
         Ao mesmo tempo em que descreve o material, o autor procura explicar em que consiste cada um dos tipos de trabalho de campo. Na coleta superficial sistemática, por exemplo, o pesquisador deve coletar todo o material da superfície. Na prospecção, o pesquisador realiza uma sondagem (corte em camadas artificiais e análise de material) para verificar principalmente se outras culturas além da que é constatada na superfície habitaram o local.
         Na escavação, segundo o autor, é preciso ter conhecimentos técnicos e teóricos e um problema a ser resolvido. O processo consiste em demarcar o sítio em quadrículas e utilizar o mesmo trabalho da prospecção. Creio que a escavação é um dos tipos mais complexos de trabalho de campo, tanto pela maior dificuldade quanto pela importância no que diz respeito à salvação de sítios arqueológicos.
         Da página 27 à página 29, Pedro Augusto dedica-se a falar sobre o trabalho de laboratório. E assim como ao descrever o trabalho de campo, na descrição sobre o trabalho laboratorial ele também aponta detalhadamente os materiais a serem utilizados, e discorre sobre os processos pelo qual o material passa no laboratório. O primeiro processo é a lavagem, seguido pela secagem e em terceiro lugar, a análise segundo tipo, forma, função, etc.
         O item 4 do Manual dedica-se a descrever os métodos de datação: relativa estratigráfica, tipológica como método cronológico e cronológica comparada) e absoluta (por sedimentos glaciais, dendocronologia, potássio-argônio, análise de flúor, isótopos de hidrogênio, urânio-chumbo, cronologia astronômica, análise obsidiana, termoluminescência, cronologia arqueológica comparada absoluta e carbono-14).
         Após uma abordagem sobre o sistema de datação arqueológico o autor concentra-se em definir as peças pré-históricas características da Arqueologia sul-rio-grandense: boleadeira, ponta de projétil, raspador, faca, machado lascado, mão-de-pilão, machado polido, afiador em canaleta, matéria corante, cerâmica Vieira, cerâmica Taquara e Cerâmica Tupiguarani. Para discorrer sobre as peças, Pedro Augusto utilizou três itens explicativos: Técnica de confecção, utilização, datação e contexto.
         O último capítulo do Manual trata-se de um Vocabulário Arqueológico. O autor tomou o cuidado de transferir o significado na íntegra, da maioria das palavras do vocabulário utilizado em meio Arqueológico, inclusive utilizando ilustrações para algumas palavras, de elementos já usados no próprio manual.
         Creio que a obra de Pedro Augusto Mentz Ribeiro, Manual de Introdução à Arqueologia consegue chegar ao seu aparente objetivo, que é de como o autor mesmo propõe, atingir o leitor principiante e o amador. Também posso observar que ela tem como característica despertar a curiosidade e a busca por aprendizado bem como estimular a conscientização da importância da Arqueologia e defender a sua divulgação. A linguagem utilizada é extremamente técnica, porém de fácil leitura. Trata-se de um guia compacto, porém cheio de informações.  

 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
-RIBEIRO, Pedro Augusto Mentz. Manual de Introdução à Arqueologia. Porto Alegre: Ed. Sulina, 1977.







Um comentário:

  1. Esta resenha me serviu muito, encontrei teu blog por acaso, sou acadêmica de Arqueologia e Conservação da Arte Rupestre - UFPI.
    Espero sempre encontrar textos, resenhas e notícias, relacionada à arqueologia.
    Abraços

    Monnyse ;)

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