CHARTIER,
Roger. A história ou a leitura do tempo.
2.ed. Belo Horizonte: Autêntica Editora, 2010.
Roger
Chartier em A história ou a leitura do
tempo faz uma análise em 9 capítulos, sobre a historiografia nas últimas
décadas, levando em consideração a chamada crise da história, abordando as questões
relacionadas com a micro-história, a história global e a história na era
digital. Ao falar nas mutações da disciplina histórica pós 1988, Chartier
lembra que até esta data dominavam duas formas da chamada história cultural: a
história das mentalidades e a história quantitativa e que ele propõe novos
modelos para superar essas duas formas. Também cita obras de três autores: Paul
Vayne (1971), Hayden White (1973) e Michel Certeau (1975), para analisar as
dimensões, retórica e narrativa da história. Segundo ele, ao levantarem
questões sobre o que é a história, como é pesquisada e escrita, esses autores
acabam por anunciar uma crise que viria ocorrer nos anos 1980 e 1990. Antes de
mais nada, é preciso dizer que A história
ou a leitura do tempo é uma continuação das reflexões iniciadas em À beira da falésia (1998), onde Chartier
tenta responder à essa suposta “crise da história”, pois assim como outros
historiadores percebe a necessidade de uma resposta às criticas que colocam a
cientificidade histórica à prova. Segundo
Ginzburg prova e retórica não são antinômicas e estão indissociavelmente
ligadas e desde o Renascimento a história soube através de técnicas separar o
verdadeiro do falso. Apoiado nessa idéia de Ginzburg, Chartier procura responder
à concepção da história transformada em mero texto literário, colocada como uma
falsa ciência: “reconhecer as dimensões retórica ou narrativa da escrita da
história não implica, de modo algum, negar-lhe sua condição de conhecimento
verdadeiro, construído a partir de provas e de controles.” (p. 13) Chartier
também aborda as concepções como o paradigma indiciário e a micro-história, trabalhadas
por diversos autores, numa tentativa de retomar o valor e cientificidade da
história: “Todas essas perspectivas, por mais diferentes que sejam, se
inscrevem em uma intenção de verdade que é constitutiva do próprio discurso
histórico.” (p. 14) Seguindo o texto, Chartier passa a abordar os conceitos de
história e memória, e apoiado na obra de Paul Ricoeur, relaciona três
diferenças entre os conceitos. Fala do questionamento existente à representação
da história, pela distância entre o passado representado e as formas de
discurso que o representam, e torna a defender a verdade da disciplina
histórica citando as propostas de Ricoeur para distinguir as fases da operação
historiográfica: o estabelecimento da prova documental, a construção da
explicação e a colocação em forma literária. (p. 23) Em seguida busca
aprofundar a distinção entre história e ficção: enquanto a ficção informa o
real, a história representa. Fala ainda sobre a cultura popular e a cultura
letrada, e sobre a história global, que rejeitava o marco de Estado-Nação e os
recortes tradicionais e o enfoque micro-histórico, o que dificultava as
práticas de historiadores. Por último, ele faz uma abordagem sobre a história
na era digital e seus desafios e finaliza abordando a capacidade da história em
distinguir e articular os diferentes tempos.
Ótimo texto, apenas te sugiro rever as cores, pois me prejudicou muito na leitura os contrastes.
ResponderExcluirParabéns pelo trabalho!